Eu sei que eu mal consegui olhar nos seus olhos
e que a todo momento você fazia nascer sorrisos em mim.
Eles não eram conseqüência daquelas cócegas que eu sentia,
doces e leves, como após um gole de champanhe,
quando as bolhas brincavam em minha língua e no céu da boca.
Naquele instante, a minha embriaguez
tinha pouco a ver com qualquer quantidade de álcool que eu levava no sangue.
Em vez de trocar nomes, ressoava em mim apenas um
e eu tinha deixado de enxergar dobrado, para distingui-lo.
Com ares de coisa séria, falávamos bobagens,
depois, debochávamos de nós naquela situação.
De vez em quando eu recordava que não devia estar ali,
mas tratava logo de apagar a lembrança, soltando a minha cabeça sobre o seu ombro.
Eu fora leviana, mas você não parecia se importar e me aconchegava.
Como me lembrar dos outros e de mim, naqueles abraços?
Já sem o registro do tempo, deixava meu senso crítico se esvair a cada enlace,
porque só assim eles perdurariam.
Aquilo era tão previsto, quanto inevitável.
E mesmo errado, imperfeito e inadequado,
tinha acontecido.
Era bom de verdade.
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