Maria Rita sumiu na madrugada, em dia de festa de São João. Tinha se botado formosa, o vestido de retalhos alinhavado com caprichos de imaginação, na esperança de que Ariovaldo José a visse com o gosto e o respeito que merecia. Zé entregou um olhar de malícia ao cumprimentar a moça, atentou-a com meias-palavras e saiu perseguindo todos os rabos-de-saia da quadrilha. Maria se amuou na cadeira de palha, vendo o arraiá pegar fogo. Pensaram que era ciumera braba de Ariovaldo, que também desconfiou do desânimo de Rita e lhe ofereceu um sorriso e a mão. Com ela, caiu na dança, mas não falou um pio durante o rala-coxa. Que diacho! ô homem custoso! Ela perdeu o apetite. O dia todo apurando, apurando, a calda no fogo e, com tudo no ponto, desandava o doce assim. Debulhar o milho, mexer o tacho, muito amendoim para torrar, descascar e moer. Eta zuera besta! Matutava muita coisa, enquanto se aquecia, cuidando para não se queimar. As bandeirinhas soltavam-se com o vento, mas nada, nadinha, apagava o fogo do cão. Voltara a ser outra vez a mulher bretera de sempre, nem o fumo lhe aprazia, nem queria saber de conversê. No fim da festa, quando sucedeu a confusão e o silêncio do povo caído em bebedeira tomava conta, nem cismou. Rapou fora. O descampado era uma só imagem, coberto pelo véu frio de junho, que deixava perceber apenas a brasa teimosa da fogueira.
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